Momento Empresarial: Pessoas de baixa renda têm menos acesso a crédito no Brasil
  • há 3 anos
Levantamento divulgado pelo Serasa aponta desigualdade social nas tentativas de contratação de crédito no país. A pesquisa, divulgada ontem, mostra que os bancos costumam negar 44% das solicitações de acesso a empréstimos, financiamentos e outras concessões financeiras para aqueles que recebem menos de cinco salários mínimos por mês (R$5500). Esse número cai para 18% entre os que recebem acima desse valor.


De acordo com a pesquisa, apesar de receberem mais negativas, os cidadãos de baixa renda são os que mais procuram por socorro financeiro. “Na classe baixa, a busca por crédito é maior. Essas pessoas buscam mais informações sobre crédito, porém, mais da metade têm o crédito negado. O processo de democratização sob as concessões de crédito está acontecendo, mas ainda não é algo uniforme para todas as classes”.


Além da renda maior, o que faz com que a população que ganha melhor tenha mais facilidade para conseguir crédito, é a posse de cartão de crédito. “Você ter um cartão de crédito é quase um passaporte para que tenha acesso ou menos dificuldade, pelo menos, para se conseguir empréstimo no mercado. Nas classes C, D e E, a posse de cartão é menor”.


De acordo com os dados da pesquisa encomendada pela Serasa, entre todas as recusas, considerando todas as classes de renda, 40% foi em razão da renda baixa, 35% por nome em situação de inadimplência, e 28% das pessoas sequer tiveram retorno sobre a recusa de crédito. O levantamento constatou que para 63% dos brasileiros o crédito é importante na retomada econômica pós-pandemia.


Apesar da demanda por crédito ter se intensificado, a análise aponta que os consumidores têm percebido as taxas mais altas. Em nota, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) explica que, um dos fatores que eleva as taxas de juros dos bancos, é o risco de inadimplência. “Quanto maior esse risco, maior tende a ser a taxa de juros praticada. Os juros abusivos podem ocorrer pela diferença entre os juros recebidos e pagos pelo banco nos empréstimos e investimentos. É natural que os juros praticados nos empréstimos sejam superiores aos pagos nos investimentos que possuem a Taxa Selic como parâmetro”, diz o órgão que integra o Ministério da Justiça.


Segundo a pasta, a ampliação dos bancos digitais é um dos caminhos que poderá puxar a redução das taxas. “Essa concorrência tende a ser benéfica ao consumidor para obtenção de juros menores”, diz.

O mercado de crédito no país ainda é muito centralizado em cinco grandes bancos, que detém 79% das concessões de diferentes produtos de crédito.
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