Momento Empresarial: Com juros altos e renda corroída, cartão de crédito é vilão ou aliado?
  • há 3 anos
Com inflação crescente, alta na taxa básica de juros e dólar acima de R$ 5, a pressão no bolso do trabalhador está cada vez maior. Em julho deste ano, o número de brasileiros inadimplentes era de 62,2 milhões, com uma média de R$ 3,9 mil em dívidas por pessoa. A média de cada dívida é de R$ 1,1 mil. Forçada a rever seus hábitos de consumo, para evitar ficar inadimplente, a população se entrega ao cartão de crédito. Apesar de permitir o parcelamento de compras, o que possibilita compras grandes e pagamentos fora do planejamento, como quando ocorre um imprevisto, por exemplo, o meio de compra é um dos principais vilões quando o assunto é planejamento financeiro.

A inflação está nas alturas e não há sinal de trégua. Para contê-la, o Banco Central elevou a taxa Selic para 5,25% — e ela deverá subir mais. Com o encarecimento do custo de vida e o aumento do desemprego, a tendência é uma alta no endividamento.

Quando o consumidor não consegue fazer o pagamento do cartão de crédito integralmente e opta pelo parcelamento ou pagamento mínimo, as taxas podem se tornar uma bola de neve. Por isso, a recomendação dos especialistas é que, quando for possível, o melhor é poupar dinheiro para comprar determinado produto posteriormente, pagando à vista.

O pagamento à vista é mais vantajoso do que o parcelado porque o parcelado incorre em juros e o pagamento à vista geralmente é acompanhado de um desconto do produto, aumentando seu poder de compra. Caso você não tenha o dinheiro à vista, é recomendado que você poupe para conseguir comprar à vista futuramente e com o desconto.

Adriano Severo, educador financeiro e analista de investimentos, alerta para a importância de ponderar o risco de determinadas compras. “A pessoa tem que ter ciência do quão segura ela está na profissão ou emprego, porque isso influencia nas decisões de compra que ela vai ter. Então, se ela está em um emprego instável, não pode fazer compras com muitas parcelas. Se é servidor público, já fica melhor, tem estabilidade”, diz.

O especialista afirma que, se o consumidor não puder evitar usar o cartão, o ideal é optar por um parcelamento menor. É importante lembrar, no entanto, que o cartão de crédito, quando usado com responsabilidade, pode ser um aliado. Ele pontua, ainda, que, com a inflação alta, essa é uma oportunidade para repensar os hábitos financeiros.
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