MEDO EM ANGOLA

  • há 8 anos
Esta reportagem não deveria ser escrita. Foi o que nos alertou um membro da comunidade brasileira em Luanda alguns dias antes de deixarmos o país, no início de setembro. Estávamos em Angola havia mais de 20 dias. “Eu, se fosse vocês, não publicava o material que vocês gravaram. Pode deixar a nós que as ajudaram numa situação complicada.” Naquele mesmo sábado, segundo relatos, membros das forças de segurança nos procuravam pela quarta vez no local onde nos hospedávamos. De posse de cópias do nosso passaporte, queriam saber onde estávamos. Era mais um recado com o objetivo de impedir que publicássemos o que vimos e ouvimos no país africano, aonde viajamos para investigar o impacto das empresas brasileiras.
Durante a pesquisa, conhecemos familiares e amigos dos 15 jovens acusados de planejar uma rebelião que vão a julgamento a partir de hoje no Tribunal de Luanda. Eles participavam de um grupo de estudos baseado no livro “Da Ditadura à Democracia”, do americano Gene Sharp, com dicas práticas para realizar protestos pacíficos contra governos autoritários. Também conhecemos e conversamos com jornalistas, acadêmicos, diplomatas, empresários, diretores e funcionários de empresas brasileiras. Mas, na Angola do presidente José Eduardo dos Santos há pessoas com quem se pode e pessoas com quem não se pode falar.
http://apublica.org/2015/11/medo-e-controle-em-angola-2/

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